Contexto:
Devido a globalização, cada vez mais os produtos e serviços estão sujeitos a novas exigências de mercado, a alta competitividade e a concorrência internacional. Neste cenário, a qualidade torna-se uma arma competitiva, tendo em vista a equiparação com padrões internacionais, conformidade com a especificação e a satisfação do cliente.
A qualidade pode ser definida como a totalidade das características de uma entidade que lhe confere a capacidade de satisfazer às necessidades explícitas e implícitas. Entre os benefícios da qualidade estão as reduções de defeitos, aumento da confiabilidade do produto, redução do esforço de re-trabalho, redução de custo de desenvolvimento e manutenção, e maior índice de satisfação dos clientes.
A literatura tem mostrado que a qualidade do produto ou serviço de uma organização, só é plenamente obtida se os processos das organizações aderirem às normas de qualidade. Visando a qualidade do processo, o modelo MPS.BR – Modelo de Processo de Software Brasileiro, mantido pela SOFTEX - Sociedade para Promoção da Excelência do Software Brasileiro, e o modelo CMMI – Capability Maturity Model Integration, mantido pelo SEI – Software Engineering Institute, propõem-se a serem guias evolucionário para o aperfeiçoamento e adequação de processos organizacionais.
De uma forma geral, o MPS.BR e o CMMI descrevem o quê deve ser feito para melhoria gradual de processos, definindo níveis de maturidade que são organizados por processos/áreas de processo que possuem objetivos alcançados por resultado esperados/práticas específicas os quais são evidenciados em produtos de trabalho. Para tanto, faz-se necessária a utilização de ferramentas de software para possibilitar a implantação dos modelos MPS.BR e CMMI nas organizações.
Atualmente, existe um movimento crescente onde esforços individuais e coletivos, impulsionados pela massificação da Internet, derivam a criação de softwares não proprietários com o objetivo de atender às necessidades comuns das organizações e de indivíduos. Estes softwares denominados software livre, devido a liberdade de qualquer um poder utilizá-los e modificá-los, estão cada vez mais difundidos nas organizações e no uso doméstico. Até governos, como o brasileiro, criam políticas de incentivo para difusão destes softwares.
A definição de software livre (free software) é o software disponível com a permissão para qualquer um usá-lo, copiá-lo e distribui-lo, seja na forma original ou com modificações, seja gratuitamente ou com custo. A possibilidade de modificações implica que o código fonte esteja disponível (open source) e o software deve poder ser executado em um sistema operacional também livre.
Justificativa:
• a demanda por profissionais e empresas qualificadas tem levado a instalação de fábricas de software para exportação em diversos países do mundo, visando a redução de custos e, principalmente, a falta de mão-de-obra qualificada nos países de origem;
• diversas iniciativas do Governo e do Mercado marcam a transição para uma postura mais agressiva voltada à exportação de software: o próprio MPS.BR, apoiado pelo Governo; e as recentes políticas de investimento na qualificação e especialização de profissionais relacionadas com a Secretaria de Política de Informática – SEPIN;
• crescente número de acordos de terceirização envolvendo empresas nacionais e conglomerados estrangeiros;
• baixa quantidade de empresas na região Norte diretamente relacionadas com o desenvolvimento de software. O cenário é projetado a partir de micro e pequenas empresas de baixa competitividade, estando completamente alheio à corrida por mercados estrangeiros;
• notória capacidade das universidades paraenses em formar profissionais em quantidade e qualidade no setor de desenvolvimento de software, cita-se a grande quantidade de cursos de graduação e pós-graduação existentes no mercado local;
• os resultados significativos obtidos pelas três principais empresas públicas do setor de Tecnologia da Informação no estado do Pará: a Regional Belém do SERPRO – Serviço Federal de Processamento de Dados obteve em 2005 a avaliação no Nível 2 do Capability Maturity Model for Software (CMM-Sw); a PRODEPA – Empresa de Processamento de Dados do Estado do Pará obteve a avaliação no nível F do MPS.BR no início de 2008; o CTIC/UFPA obteve a avaliação G do MPS.BR no final de 2008; enquanto que a Equilibrium Web obteve em 2010 a avaliação Nível 6 do MPS.BR. O investimento foi significativo, pois os processos de implantação de qualidade duram, em média, um ano e, durante a implantação destas iniciativas havia poucos profissionais habilitados para implementação destes modelos no Pará;
• este cenário deve se tornar ainda mais crítico para as empresas locais em decorrência da Recomendação do Tribunal de Contas da União (TCU) de 2007 na adoção do modelo MPS.BR como elemento de pontuação diferenciada para a contratação de produtos e serviços na área de software, o que caracteriza ainda mais a necessidade da implementação do programa de melhoria da qualidade dos processos organizacionais;
• enfatizando este contexto, de acordo com os relatórios de “Resultados de Desempenho das organizações que adotaram o modelo MPS” e de “Lições Aprendidas do MPS.BR”, ambos de 2008, a duração de uma implementação é reduzida substancialmente ao se adotar como prática ferramentais automatizados, o que torna o processo de implementação mais ágil e menos custoso para as organizações. Adicionalmente, a partir do grande quantitativo de ferramentas de software livre de apoio às disciplinas da Engenharia de Software existentes na comunidade, pode-se caracterizar uma minimização dos custos ao longo do programa de melhoria da qualidade, quando desta adoção.
Objetivos:
Neste contexto, o projeto SPIDER tem, como um dos focos principais, apresentar um levantamento das ferramentas de software livre com características adequadas para possibilitar a criação de produtos de trabalhos (artefatos que evidenciam a implementação do programa da qualidade organizacional) derivados dos resultados esperados/práticas específicas descritos nos objetivos das áreas de processo do modelo MPS.BR e CMMI.
Em decorrência deste levantamento, pretende-se especificar e desenvolver um SUITE de ferramentas a fim de propiciar um uso mais integrado das suas funções/operações disponíveis, de modo a apoiar a implantação dos processos/áreas de processo do modelo MPS.BR e CMMI, obedecendo o fluxo de dependência proposto por este modelo de qualidade de processo. Isso se evidencia pela característica do código fonte disponível (open source), para automatizar ao máximo o processo, e evitar re-trabalho e redundância de informações.
O objetivo deste projeto visa apresentar alternativas viáveis com relação a ferramentas de software para auxiliar a implementação dos modelos MPS.BR e CMMI nas organizações, sem a necessidade de aquisição de softwares proprietários e com a possibilidade da ferramenta ser customizada para atender as especificidades da organização, diminuindo os custos e o tempo ao longo da implementação deste programa de maturidade.
Entretanto, faz-se necessário um experimento real de utilização de algumas das ferramentas de software livre a serem apresentadas neste projeto para que os resultados obtidos apontem a viabilidade efetiva da ferramenta e os problemas ocorridos.
Define-se como premissa, para o desenvolvimento do SUITE, uma arquitetura de integração facilmente adaptada quando do estudo dos resultados esperados para todos os níveis de maturidade do mesmo modelo, tornando-o flexível e adaptável para novas demandas de ferramentas automatizadas de apoio a diferentes disciplinas da Engenharia de Software.
Vale mencionar, ainda, os inúmeros resultados obtidos a partir de pesquisas em parcerias, que serão mantidos com a institucionalização deste projeto, com núcleos de renome na área de Engenharia de Software, como o Centro de Informática da Universidade Federal de Pernambuco, através do projeto de pesquisa ImPProS – Um Ambiente de Implementação de Processos de Software, com seus inúmeros artigos nacionais e internacionais publicados, e com o núcleo ProQualiti – Núcleo de Estudos em Engenharia e Qualidade de Software (www.proqualiti.org.br), órgão destinado à finalidade de congregar profissionais, estudantes e empresários atuantes nas áreas de Engenharia e Qualidade de Software, com seus cursos à distância e sua revista que recebeu o 2º lugar no Prêmio Dorgival Brandão Júnior da Qualidade e Produtividade de Software em 2005.
Não podemos esquecer-nos de mencionar que este projeto possui também como foco corroborar no atendimento dos objetivos listados no projeto “Rede Paraense de Pesquisa em Tecnologias de Informação e Comunicações (TIC)” no sub-projeto “Laboratório de Tecnologia de Software” aprovado e financiado pela FAPESPA, segundo edital 014/2008.
Metas:
• Conjunto de ferramentas de software livre de apoio à implementação do programa de melhoria da qualidade organizacional;
• Integração deste ferramental automatizado a partir de um SUITE;
• Capacitação e melhoria contínua dos conhecimentos teóricos e práticos dos estudantes dos programas de graduação e pós-graduação da Faculdade de Computação da UFPA nas áreas de Engenharia e Qualidade de Software;
• Formação e qualificação de recursos humanos da região, na área de Qualidade do Processo de Software, a partir das recomendações dos modelos MPS.BR e CMMI e do SUITE desenvolvido, visando garantir a melhoria contínua dos processos de software da organização e na gestão do conhecimento dos ativos organizacionais;
• Apoio para que as empresas da região, existentes ou em criação, que desenvolvam atividades inovadoras em termos tecnológicos (P,D&I) de impacto comercial ou social com qualidade, a partir da implantação deste SUITE de ferramentas de software livre;
• Participação efetiva da comunidade acadêmica para provimento de melhoria dos processos e produtos organizacionais, e a disseminação de programas de melhoria de qualidade de software nas empresas locais com foco no uso de modelos e normas;
• Avaliação de processos de empresas locais, regionais e nacionais com vistas a aumentar o nível de maturidade em desenvolvimento de software no Estado do Pará;
• Integração do SUITE de ferramentas a um ambiente de apoio à definição e gestão do processo de software, garantindo assim a plena execução do ciclo de vida do processo de software.
